As
chuvas das primeiras semanas de janeiro não representaram qualquer
aumento nos maiores reservatórios do Ceará. Os açudes Banabuiú (0,41%),
Orós (13,35%) e Castanhão (5,02%) — que abastecem a Região Metropolitana
de Fortaleza — não registraram aporte até agora. Os dados são do Portal
Hidrológico e mostram que, em 2017, somente 25 dos 153 açudes
monitorados apresentaram alguma cheia do início do ano até aqui.
Em
todo o Estado, o aporte registrado no período foi de 4,25 milhões de
metros cúbicos. O valor representa somente 0,02% do volume total do
Estado e significou variação de volume negativa (-3,59m³) já que o
aporte não supriu a perda registrada. Atualmente, dos 153 açudes, 136
estão com volume abaixo dos 30%, os quais 85 estão secos ou com volume
morto.
Em
relatório mais recente do Portal Hidrológico, o Ceará está operando com
6,48% da capacidade total. No mesmo período de 2016, o volume era de
12,8% — em um ano, metade da água foi perdida. Assim, se neste ano
permanecerem as mesmas quantidades de aporte e perda de água, a
tendência é que cheguemos ao fim do ano com açudes secos.
A
obra de transposição das águas do rio São Francisco, principal medida
de obtenção de água para o Ceará, segue com impasses na continuidade e
tem previsão de chegada ao Ceará só no ano que vem.
Mailde
Carlos do Rêgo, presidente do Comitê de Bacias da Região Metropolitana
de Fortaleza, avalia a situação como crítica. "Estamos num momento muito
difícil. Nenhum grande reservatório apresentou aporte. Ainda é a
pré-estação e esperamos que tenha um bom inverno na estação chuvosa",
acredita. Ela afirma que, nesta segunda-feira, 16, haverá reunião com
outros integrantes do comitê para discutir a situação. De acordo com
Mailde, há diálogo com representações do Governo e o processo de
dessalinização da água do mar tem sido uma das saídas apresentadas. "É
uma medida importante, mas também não é imediata", preocupa-se.
No
Médio Jaguaribe, uma das principais regiões atendidas pelo açude
Castanhão, várias culturas e plantações já foram reduzidas. "Não sei o
que será de nós se nada for feito até o ano que vem, se acabar a
irrigação e a água para animais", afirma Francisco Holanir, secretário
do Comitê do Médio Jaguaribe.
Chuvas em janeiro
Os
resultados preliminares do calendário das chuvas do mês de janeiro
apontam que o observado destes primeiros 15 dias foram precipitações de
18,6 milímetros (mm). A média apontada pela Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) é de 98,7mm. Nas regiões onde
estão localizados os açudes Banabuiú, Castanhão e Orós, as chuvas
também ainda estão bastante abaixo da média, com precipitações abaixo
dos 7mm.
Números
6,48% é o volume de água acumulado nos reservatórios do Ceará
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