sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Dependência da chuva ameaça racionamento drástico em 2017



O titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, disse, ontem, que a dependência de uma quadra chuvosa não favorável em 2017 poderá resultar em medidas drásticas de racionamento. Apesar de que ações mais rigorosas venham a ocorrer a partir dos prognósticos da quadra chuvosa, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no início do ano, lembrou que a meta de restrição na oferta hídrica já passou de 10 para 20%.

A avaliação do secretário aconteceu em explanação sobre a seca no Ceará, na reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), no auditório da Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra), situada no Centro Administrativo do Cambeba.

Na ocasião, o secretário chamou a atenção de que uma alternativa para atender a demanda no Estado seria a finalização das obras de Transposição, mas as águas deverão chegar ao Ceará somente após 2017, em função do abandono dos serviços no trecho Norte, pela Construtora Mendes Júnior. Com isso, conforme salientou, a única forma de ocorrer um aporte é com uma quadra chuvosa regular.

Ações

O titular da SRH lembrou que foram implementadas ações de contingência, como a construção de 800Km de adutoras de engate rápido, para trazer de reservatórios alternativos para aqueles tradicionais, que atenderam as cidades. Além disso, destacou a perfuração de mais de mais de 2 mil poços, atendimento com carros-pipa nas localidades mais castigadas pela seca e com um foco de gestão muito forte nos recursos hídricos. "Na questão do abastecimento humano, várias cidades do Interior estão com as ofertas complementadas com a perfuração de poços, algumas com carro-pipa e em Fortaleza e na Região Metropolitana foi estabelecida uma meta para se economizar 10%", disse.

No entanto, reconheceu que, ao passar para a meta de 20%, por meio de aplicação de tarifa de contingência, não houve sucesso. "Embora a economia não tenha sido alcançada, em termos de oferta de água já houve uma redução de mais de 12%", afirmou.

Prejuízos

Teixeira informou que a irrigação já sofre uma restrição de 75% no uso da água. Essa medida, embora seja compreendida pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) como prioridade para o abastecimento humano, tem causado sérios prejuízos para a economia do Estado.

O presidente do Conselho de Agronegócio da Fiec, José Alberto Bessa Júnior, disse que o setor já eliminou 20 mil postos de trabalho diretos e algumas empresas estão realocando seus negócios em outros Estados.

O analista de Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece), Nicolas Fabre, salientou que já não é mais o caso de ser pessimista ou otimista com relação às chuvas. Para ele, mesmo com um inverno regular, não haverá como recarregar os açudes que estão secos.

Fonte: Diário do Nordeste

Cientistas brasileiros descobrem dois planetas: um super-Netuno e uma super-Terra



Cientistas descobriram dois novos planetas ao redor de uma estrela muito similar ao Sol. O super-Netuno e a super-Terra, que orbitam a estrela HIP 68468, estão entre os primeiros planetas descobertos por equipes lideradas por astrônomos brasileiros, depois da descoberta de um planeta semelhante a Júpiter anunciada em 2015.

Segundo o astrônomo Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e líder da pesquisa, um dos principais objetivos do estudo era comparar o nosso Sistema Solar com outros sistemas planetários. A descoberta foi publicada pela revista especializada "Astronomy & Astrophysics".

O que se encontrou ao redor da estrela HIP 68468 foi um sistema planetário bem diferente daquele que nos abriga. Isso porque, apesar de a massa dos planetas recém-descobertos ser comparável às da Terra e de Netuno, eles orbitam a uma distância muito próxima de sua estrela, o que sugere que os planetas tenham migrado de uma região mais externa para a região mais interna desse sistema planetário.

O super-Netuno, chamado de HIP 68468c, tem uma massa 50% maior que a do planeta Netuno. Mas enquanto o nosso Netuno fica bem distante do Sol (30 vezes a distância Terra-Sol), a órbita do novo planeta equivale a apenas 70% da distância Terra-Sol.

Já a super-Terra, chamada de HIP 68468b, tem uma massa equivalente a três vezes a terrestre e sua órbita equivale a apenas 3% da distância Terra-Sol, ou seja, fica quase grudada em sua estrela.

A estrela HIP 68468, que tem 6 bilhões de anos, fica a uma distância de 300 anos-luz de distância da Terra.

Planetas podem ser engolidos

Além de constatar que esses planetas podem ter migrado de regiões externas para regiões internas do sistema, as observações também dão sinais de que a estrela HIP 68468 pode ter engolido um planeta. Um dos indícios de que isso tenha ocorrido é a presença de um excesso de lítio, elemento mais abundante nos planetas e pouco comum nessa quantidade em estrelas

E planetas recém-descobertos não estão imunes ao “apetite” de sua estrela. “Especialmente o planeta que está mais próximo [a super-Terra] pode ser facilmente engolido”, diz Melendez. “Mesmo que sua órbita seja estável, o planeta está tão próximo de sua estrela que de qualquer jeito vai ser destruído. As estrelas, quando evoluem, vão aumentando de tamanho. Basta que essa estrela aumente um pouco seu tamanho para destruí-lo.”

Comparação com Sistema Solar

Segundo Melendez, observar esse sistema planetário em que existe uma migração dos planetas da área mais externa para a mais interna ajuda a entender a dinâmica do nosso Sistema Solar.

“Se os planetas migrassem no Sistema Solar, nosso planeta ficaria desestabilizado, com órbita caótica e risco de colidir com outro planeta, ser ejetado do Sistema Solar ou em direção ao Sol”, diz o astrônomo.

Uma das propostas dos cientistas para explicar por que isso não acontece é a de que Júpiter atuaria como uma barreira que não permitiria que os planetas gigantes do Sistema Solar migrassem para as regiões mais internas. No sistema planetário descoberto, não existe um planeta equivalente a Júpiter.

“Isso reforça o papel importante que Júpiter desempenha para manter a arquitetura planetária do Sistema Solar, com planetas rochosos na parte interna e gigantes na externa”, conclui Melendez.

Observatório Europeu do Sul

A descoberta dos dois novos planetas ocorreu graças a observações feitas em um sofisticado instrumento acoplado no telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), que fica no deserto do Atacama, no Chile.

Melendez explica que não é possível fazer uma observação direta dos planetas. Em vez disso, o espectrógrafo é capaz de detectar movimentos muito sutis que as estrelas fazem quando um planeta gira ao seu redor devido à gravidade. Assim como a estrela puxa os planetas em sua direção, os planetas também têm efeito semelhante sobre sua estrela, levando o astro a fazer pequenos movimentos. É a partir desses movimentos que a existência de novos planetas é inferida.

Essas observações foram feitas durante 43 noites entre 2012 e 2016.

“O projeto a médio e longo prazo é procurar um planeta gêmeo da Terra. Isso vai ser possível muito em breve porque tem um instrumento no ESO que vai ter tecnologia suficiente para poder detectar esse tipo de planeta. Atualmente nosso limite são planetas com massa de 2 ou 3 vezes a da Terra”, diz o astrônomo.

Melendez lembra que a adesão do Brasil ao ESO, que é o maior consórcio de pesquisas astronômicas do mundo, está pendende desde 2010, quando o acordo de adesão foi assinado pelo então ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.

Ao aderir ao ESO, o Brasil abriria para os cientistas brasileiros a oportunidade de usarem telescópios e instrumentos de observação de ponta instalados no norte do Chile.O consórcio é responsável pelo projeto do megatelescópio E-ELT (Sigla para “European Extremely Large Telescope”, ou “Telescópio Europeu Extremamente Grande”), que deve ser o maior telescópio do mundo, com um espelho de 39 metros de diâmetro.

A equipe que descobriu os planetas também conta com pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Chicago, Universidade do Texas em Austin, Universidade Nacional da Austrália, Universidade de Göttingen, Academia de Ciências da China, Instituto de Astronomia Max Planck e Instituto de Ciência Telescópio Espacial.

Fonte: G1