sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Joaquim Barbosa: "tomaram o poder para continuar roubando"



O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa voltou a criticar o processo de impeachment que afastou a presidente Dilma Rousseff. Ele chamou os partidos políticos de “facções” e afirmou, sem citar diretamente o PMDB de Michel Temer, que o grupo que tomou o poder o fez para se proteger e continuar roubando.

As declarações foram feitas na última terça-feira (9 ) a empresários durante a abertura de um evento sobre sustentabilidade em São Paulo, conforme registrou o Jornal da Gazeta. Em sua fala, ele também fez críticas à relação entre empresas e governo que se instalou há décadas no Brasil e ao sistema político atual.

“Nosso país está paralisado há mais de um ano em função de uma guerra entre facções políticas. Sabemos por alto que se trata de ambição, de ganância, de apego ao poder, tentativa de se perpetuar no poder para se proteger, mas também para continuar saqueando os recursos da nação”, declarou Barbosa.Em maio, após a primeira votação do Senado pró-impeachment, ele já havia denunciando um “conchavo” no Congresso e defendido enfaticamente novas eleições no País, também em uma palestra. “Aquilo ali era uma pura encenação pra justificar a tomada do poder”, comentou Barbosa na ocasião, sobre a votação dos senadores.

“Colocar no lugar do presidente alguém que ou perdeu a eleição presidencial para o presidente que está saindo ou alguém que sequer um dia teria o sonho de poder disputar uma eleição para presidente da República. O Brasil, anotem, vai ter que conviver por mais de dois anos com essa anomalia”, disse, em referência ao PSDB e ao PMDB.

Notícias ao Minuto

Sem verba, universidades e centros de pesquisa podem ficar sem internet



Embrapa, Fiocruz, universidades federais, estaduais, centros de pesquisa, laboratórios e todo o sistema de ciência tecnologia e inovação do Brasil  podem ter suas conexões de internet interrompidas em setembro. Isso porque a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) não recebeu do Governo Federal nenhum centavo dos R$ 136 milhões previstos em seu orçamento deste ano e não há mais dinheiro em caixa para manter toda essa estrutura. Localizada na Unicamp, em Campinas (SP), a RNP é responsável por fornecer internet de alta velocidade a 739 instituições de ensino e centros de pesquisas.

Se as conexões forem mesmo interrompidas a partir de setembro, centenas pesquisas podem vir a ser prejudicadas, incluindo o trabalho desenvolvido na Agência Espacial Brasileira, na Academia da Força Aérea e até mesmo em hospitais como o Albert Einstein e o Instituto do Coração de São Paulo.

A RNP é uma Organização Social (OS) vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e mantida em conjunto pelos ministérios da Educação, Cultura, Saúde e Defesa.  Sem receber a verba deste ano, a instituição só conseguiu manter toda a estrutura de redes das universidades até agora por ter feito uma verdadeira ginástica financeira com as sobras do orçamento de 2015.

De acordo com Nelson Simões, diretor-geral da organização, o orçamento da RNP diminuiu drasticamente no úlltimo ano e o dinheiro, que já era insuficiente, uma vez que o custo para a manutenção das atividades é de cerca de R$ 250 milhões, passou a R$ 136 milhões.

Pesquisas em risco

Sem esses recursos, pesquisas em  áreas da biodiversidade, genoma humano, células-tronco, física de altas energias, telessaúde e o acesso a equipamentos sofisticados compartilhados por  projetos científicos internacionais, como o gerador de luz síncrotron que funciona no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) na Unicamp, o supercomputador Santos Dumont do Laboratório Nacional de Computação Científica, os telescópios para pesquisa de energia escura do projeto DES (Dark Energy Survey), no Chile, e as pesquisas CERN, maior laboratório de Física de Partículas do mundo, na Suíça, podem ser comprometidas.

"Ano passado a redução de recursos foi da ordem de 40%, mas foi possível manter as operações, ainda que paralisássemos a ampliação da rede. Este ano, a redução de recursos chegou a praticamente 50% e a RNP sinalizou para os ministérios de que é preciso tomar medidas. No curto prazo é preciso liberar recursos para que o serviço não seja suspenso. Temos condições de operar com qualidade até setembro", explica Nelson.

Otimista, ele acredita que receberá os recursos necessários nos próximos 20 dias. "A RNP não trabalha com a possibilidade de suspensão a curto prazo. O MEC sinalizou que já começou a fazer o pagamento e o MCTIC prometeu que vai liberar o resto de recursos do ano passado", conta.

Em uma carta, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) manifestou publicamente esta semana sua preocupação com a possibilidade de um importante patrimônio nacional, resultado de grande esforço da comunidade acadêmica brasileira, ser gravemente impactado.

"Os serviços disponibilizados  pela  RNP  para  mais  de  1.300  pontos  de  instituições  federais  de ensino superior e pesquisa em todo o país, representam uma economia significativa de recursos  públicos  em  função  da  escala  da  operação  da  RNP  e  das  tecnologias inovadoras  utilizadas. Dessa  rede  dependem  atividades  essenciais  para  o  avanço  da  ciência  e tecnologia  nacionais,  tais  como  o  acesso  e  a  operação  compartilhada  de  grandes bancos  de  dados  científicos,  laboratórios  e  experimentos", diz trecho da carta assinada pelo presidente da instituição, Lisandro Zambenedetti Granvil.

Custo da conectividade

Do custo anual da RNP, cerca de 51% é gasto com conectividade. A organização fornece internet de alta velocidade via fibra óptica de 1 gigabyte por segundo (Gbps), 10 vezes a velocidade máxima do 4G, e há casos em que a velocidade é superior e chega a 40 Gbps, como acontece no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).

E os custos para manter a rede funcionando no interior do país são ainda mais altos. Segundo Nelson Simões há 40 universidades que recebem conectividade via satélite, como é o caso da Estadual do Amazonas.

"Temos a expectativa de que o orçamento para o ano que vem seja recomposto. Além dos R$ 136 milhões desse ano, precisamos de R$ 250 milhões no ano que vem. Estamos operando com orçamento pela metade e passamos pelo fim de um ciclo de expansão da rede. Há cerca de 200 instituições a serem conectadas e temos de manter as 40 que conectam via satélite. Desde 2015 a RNP parou de crescer e nosso esforço hoje é para manter a qualidade", conta Nelson.

G1

Paraplégicos recuperam mobilidade e vida sexual após tratamento com Nicolelis



Pacientes paraplégicos com antigas lesões na medula espinhal apresentaram melhoras sem precedentes na mobilidade e nas sensações com um treinamento de realidade virtual e o uso da robótica controlada pelo cérebro, informou nesta quinta-feira (11)  uma equipe de cientistas liderada pelo brasileiro Miguel Nicolelis.

Alguns pacientes conseguiram até mesmo reiniciar sua vida sexual graças a esse tratamento de reeducação cerebral e física experimentado no Brasil.

Seis homens e duas mulheres que perderam completamente o uso dos membros inferiores registraram progressos significativos, relataram os pesquisadores na revista "Scientific Reports".

Em quatro casos, os médicos foram capazes de melhorar seu status para "paralisia parcial", um nível inédito de melhoria através de técnicas não-invasivas.

Um deles --uma mulher de 32 anos paraplégica há mais de uma década - pode ter vivenciado a transformação mais dramática. No início dos testes, realizados em uma clínica de São Paulo, ela era incapaz de permanecer de pé mesmo com a ajuda de suportes. Treze meses depois, ela conseguia andar com a ajuda desses suportes e de um terapeuta, e passou a realizar o movimento de andar suspensa a partir de um arnês.

"Nós não poderíamos ter previsto este resultado clínico surpreendente quando o projeto começou", explicou o paulista Miguel Nicolelis, neurocientista da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, e o principal arquiteto desta pesquisa de reabilitação.

"Até agora, ninguém viu a recuperação dessas funções em um paciente tantos anos depois de ter sido diagnosticado com paralisia completa", contou a jornalistas em uma entrevista por telefone.

Uma das mulheres recuperou suficientemente as sensações --em sua pele e dentro do corpo-- "que decidiu ter um bebê", contou Nicolelis. "Ela conseguia sentir as contrações", afirmou.

O progresso se traduziu em uma melhor qualidade de vida, segundo relatos dos próprios pacientes, acrescentou.

A terapia inovadora combinou diversas técnicas para estimular partes do cérebro que antes da paralisia controlavam os membros dos pacientes, inativas há muito tempo.

A reabilitação começou por fazer com que eles aprendessem como operar um Doppelganger digital (ou avatar) dentro de um ambiente de realidade virtual.

Ao mesmo tempo, os pacientes usavam gorros justos revestidos com 11 eletrodos para registrar a atividade cerebral através de EEG, ou eletroencefalografia.

Desempenho sexual

Inicialmente, quando eles foram convidados a se imaginar caminhando enquanto estavam imersos em um mundo digital 3D, as partes do cérebro associadas ao controle motor das pernas não conseguiam acender.

"Se você falasse ´use suas mãos´ havia atividade cerebral", explicou Nicolelis. "Mas o cérebro apagou quase completamente a representação de seus membros inferiores".

Depois de meses de treinamento, estas partes do cérebro há muito tempo adormecidas começaram a despertar.

Nesse ponto, os pacientes aprenderam a utilizar equipamentos mais desafiadores que exigiam algum controle de sua postura, equilíbrio e capacidade de usar os membros superiores, incluindo arnês suspensos --comuns em centros de fisioterapia-- que carregam o peso do corpo.

Eles também utilizaram exoesqueletos robóticos, não muito diferentes das armaduras articuladas e de alta tecnologia do herói dos quadrinhos Homem de Ferro.

Nestes testes, os pacientes usavam um dispositivo no braço equipado com uma tecnologia ´touch´, chamada de "haptic feedback", que utiliza uma série de vibrações únicas - algo como os solavancos e zumbidos que os jogadores de videogame sentem com o controle nas mãos - para ajudar o cérebro a treinar.

Quando um avatar anda na areia, por exemplo, o paciente sente uma pressão diferente em relação à constatada na grama ou no asfalto.

"O cérebro do paciente cria a sensação de que eles estão andando sozinhos, não com a ajuda de aparelhos", uma espécie de ilusão, explicou Nicolelis.

Sua teoria --que ainda não foi provada-- é que este processo estimula alterações não apenas no cérebro, mas também na medula espinhal danificada. Os resultados vistos até agora parecem confirmar isso.

Com os oito pacientes atualmente em seu segundo ano de treinamento, Nicolelis prepara um estudo de acompanhamento buscando mudanças em sua qualidade de vida.

"Eles constataram, em seus próprios termos, uma melhoria muito significativa - em termos de mobilidade, ser capaz de sentir as pernas e a pele", contou aos jornalistas. "Também houve uma melhoria no desempenho sexual para os homens", acrescentou, notando que alguns deles recuperaram "a possibilidade de ter relações sexuais e ereções.".

Fonte: AFP