Ações de contingência sobre uma eventual seca já estão sendo adotadas para garantir um abastecimento regular
Limoeiro do Norte. Se vai chover pouco, muito, ou quase nem chover, a preocupação maior é para quem planta, colhe e vende os grãos e frutos que chegam à mesa cearense, seja em regime de sequeiro ou irrigado. A garantia de abastecimento doméstico é outra preocupação, embora assegurada pelo bom acúmulo de água nos açudes. Mas o pessimismo sobre a possibilidade de chuvas abaixo da média histórica, e muito mais abaixo da realidade do ano passado, está fazendo a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) adotarem ações para o que não querem definir como contingência de seca. A primeira foi o fechamento das comportas do Açude Castanhão ontem à tarde, dois dias antes do previsto.
Ninguém quer, nem pode, falar em seca sem um quadro mais definido sobre a situação das chuvas no Ceará. O que se tem é a probabilidade de 80% de chuvas abaixo ou em torno da média (45% mais 35%, respectivamente), de acordo com o prognóstico da Funceme para os meses de março, abril e maio.
O plano de deixar as comportas do Castanhão abertas até amanhã, 26 de fevereiro, foi revisto e ontem as quatro comportas que estavam abertas, liberando total de 100 metros cúbicos por segundo de água, foram fechadas, para que não se perdesse mais água para o mar - em 18 dias foram liberados aproximadamente 125 milhões de metros cúbicos de água. A intenção primeira era reduzir à cota 101 metros acima do nível do mar, para só depois decidir se continuavam abertas ou seriam fechadas as quatro comportas, baseado em prognóstico da Funceme. No entanto, a previsão meteorológica recente, confirmando a posição anterior, fez Dnocs e Cogerh apressarem o fechamento das comportas. Ontem o Castanhão estava com 74% de reserva e 4,96 bilhões de metros cúbicos de água, na cota 105,5 metros.
Fechadas as comportas, foi aberta uma das duas válvulas dispersoras da barragem do Castanhão, com 16 metros cúbicos de água por segundo, para garantir o fluxo de água para abastecimento humano das comunidades próximas e dos perímetros irrigados do agronegócio. As comportas da barragem do Banabuiú continuam fechadas.
"Infelizmente só temos dois reservatórios com comportas", lamenta o diretor de Operações da Cogerh, Ridardo Adeodato. O Núcleo Técnico de Operações do órgão, que avalia chuvas, recargas e previsões da Funceme, aconselhou o fechamento das comportas do Castanhão, em comum acordo com o Dnocs, dois dias antes da previsão inicial.
Até em chuvas, mais importante que a quantidade, é a regularidade na distribuição. "O mais importante não é se choverá abaixo da média ou dentro da média, o principal é que as chuvas sejam bem distribuídas. É melhor que chova 400 milímetros bem distribuídos do que 800 milímetros irregulares", garante o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta.
Até o fim desta semana, todos os 72 escritórios locais e regionais terão recebido completamente as sementes para repassarem às mãos dos agricultores. São 5,5 milhões de quilos de sementes distribuídas para agricultores de todo o Estado do Ceará, um investimento de R$ 17 milhões.
As principais são milho e feijão. Porém, para o caso de poucas chuvas, sorgo e feijão têm as colheitas mais viáveis. O primeiro por precisar de menos água, e o segundo por ser precoce, com menor distância de dias entre plantio e colheita.
MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme)
(85) 3101.1088
Cogerh: (85) 3101.6262
MELQUÍADES JÚNIORColaborador
POUCAS CHUVAS
Sindicalista aponta seca verde no Cariri
Crato. Voltou a chover no Cariri, uma chuva irregular que variou de 10 a 70 milímetros. Apesar da terra molhada e do pasto verde, os agricultores estão perdendo a esperança de um bom inverno. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, José Ildo, afirma que a perda nas plantações de arroz, milho e feijão gira em torno de 30%. Os pequenos açudes estão com o mesmo volume d´água do ano passado. "Está se caracterizando uma ´seca verde´", antevê o sindicalista.
No Crato, alguns agricultores devolvem as sementes do programa Hora de Plantar ao Governo porque, segundo José Ildo, não dá mais para esperar o inverno. É o caso do pequeno produtor Juarez Ferreira Leite, residente no Distrito de Ponta da Serra, que vai devolver 80 quilos de milho. Há muitas terras tombadas que não receberam o plantio, porque não há umidade suficiente para germinação.
As chuvas são esparsas e irregulares. Ontem, por exemplo, foram registrados 9mm de precipitações na sede de Brejo Santo. No Distrito de Esperança, a 8km, a chuva foi de 70mm. Estas informações confirmam as previsões da Funceme, que anunciou um inverno abaixo da média com chuvas esparsas que variam de intensidade de um município para o outro.
Nos municípios de Penaforte, Jati, Brejo Santo, Abaiara, Jardim e Missão, algumas roças de feijão e milho estão morrendo em consequência da escassez de chuvas. O agricultor Francisco Barros, do Sítio Retiro, município de Penaforte, perdeu mais da metade das 10 tarefas de feijão plantadas em janeiro.
O quadro é desolador. O feijão, já iniciando a vagem, está morrendo. O milho vai no mesmo caminho. "Só vai sobrar o jejum da Semana Santa", diz seu Francisco, lamentando que espera colher, no máximo, um saco de 60 quilos de feijão.
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Ernane Rocha, admite que existe perda no campo. Porém, não é possível dizer o percentual. Alguns sindicalistas estão falando em 50%. Ernane garante que, a partir dessa semana, será feito um levantamento oficial.
Ele confirma também a informação de que existe muita terra tombada que não foi utilizada para o plantio. O produtor, segundo orientação da Ematerce, só plantou 60% das sementes. Os outros 40% estão esperando a consolidação do inverno.
Limoeiro do Norte. Se vai chover pouco, muito, ou quase nem chover, a preocupação maior é para quem planta, colhe e vende os grãos e frutos que chegam à mesa cearense, seja em regime de sequeiro ou irrigado. A garantia de abastecimento doméstico é outra preocupação, embora assegurada pelo bom acúmulo de água nos açudes. Mas o pessimismo sobre a possibilidade de chuvas abaixo da média histórica, e muito mais abaixo da realidade do ano passado, está fazendo a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) adotarem ações para o que não querem definir como contingência de seca. A primeira foi o fechamento das comportas do Açude Castanhão ontem à tarde, dois dias antes do previsto.
Ninguém quer, nem pode, falar em seca sem um quadro mais definido sobre a situação das chuvas no Ceará. O que se tem é a probabilidade de 80% de chuvas abaixo ou em torno da média (45% mais 35%, respectivamente), de acordo com o prognóstico da Funceme para os meses de março, abril e maio.
O plano de deixar as comportas do Castanhão abertas até amanhã, 26 de fevereiro, foi revisto e ontem as quatro comportas que estavam abertas, liberando total de 100 metros cúbicos por segundo de água, foram fechadas, para que não se perdesse mais água para o mar - em 18 dias foram liberados aproximadamente 125 milhões de metros cúbicos de água. A intenção primeira era reduzir à cota 101 metros acima do nível do mar, para só depois decidir se continuavam abertas ou seriam fechadas as quatro comportas, baseado em prognóstico da Funceme. No entanto, a previsão meteorológica recente, confirmando a posição anterior, fez Dnocs e Cogerh apressarem o fechamento das comportas. Ontem o Castanhão estava com 74% de reserva e 4,96 bilhões de metros cúbicos de água, na cota 105,5 metros.
Fechadas as comportas, foi aberta uma das duas válvulas dispersoras da barragem do Castanhão, com 16 metros cúbicos de água por segundo, para garantir o fluxo de água para abastecimento humano das comunidades próximas e dos perímetros irrigados do agronegócio. As comportas da barragem do Banabuiú continuam fechadas.
"Infelizmente só temos dois reservatórios com comportas", lamenta o diretor de Operações da Cogerh, Ridardo Adeodato. O Núcleo Técnico de Operações do órgão, que avalia chuvas, recargas e previsões da Funceme, aconselhou o fechamento das comportas do Castanhão, em comum acordo com o Dnocs, dois dias antes da previsão inicial.
Até em chuvas, mais importante que a quantidade, é a regularidade na distribuição. "O mais importante não é se choverá abaixo da média ou dentro da média, o principal é que as chuvas sejam bem distribuídas. É melhor que chova 400 milímetros bem distribuídos do que 800 milímetros irregulares", garante o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta.
Até o fim desta semana, todos os 72 escritórios locais e regionais terão recebido completamente as sementes para repassarem às mãos dos agricultores. São 5,5 milhões de quilos de sementes distribuídas para agricultores de todo o Estado do Ceará, um investimento de R$ 17 milhões.
As principais são milho e feijão. Porém, para o caso de poucas chuvas, sorgo e feijão têm as colheitas mais viáveis. O primeiro por precisar de menos água, e o segundo por ser precoce, com menor distância de dias entre plantio e colheita.
MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme)
(85) 3101.1088
Cogerh: (85) 3101.6262
MELQUÍADES JÚNIORColaborador
POUCAS CHUVAS
Sindicalista aponta seca verde no Cariri
Crato. Voltou a chover no Cariri, uma chuva irregular que variou de 10 a 70 milímetros. Apesar da terra molhada e do pasto verde, os agricultores estão perdendo a esperança de um bom inverno. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, José Ildo, afirma que a perda nas plantações de arroz, milho e feijão gira em torno de 30%. Os pequenos açudes estão com o mesmo volume d´água do ano passado. "Está se caracterizando uma ´seca verde´", antevê o sindicalista.
No Crato, alguns agricultores devolvem as sementes do programa Hora de Plantar ao Governo porque, segundo José Ildo, não dá mais para esperar o inverno. É o caso do pequeno produtor Juarez Ferreira Leite, residente no Distrito de Ponta da Serra, que vai devolver 80 quilos de milho. Há muitas terras tombadas que não receberam o plantio, porque não há umidade suficiente para germinação.
As chuvas são esparsas e irregulares. Ontem, por exemplo, foram registrados 9mm de precipitações na sede de Brejo Santo. No Distrito de Esperança, a 8km, a chuva foi de 70mm. Estas informações confirmam as previsões da Funceme, que anunciou um inverno abaixo da média com chuvas esparsas que variam de intensidade de um município para o outro.
Nos municípios de Penaforte, Jati, Brejo Santo, Abaiara, Jardim e Missão, algumas roças de feijão e milho estão morrendo em consequência da escassez de chuvas. O agricultor Francisco Barros, do Sítio Retiro, município de Penaforte, perdeu mais da metade das 10 tarefas de feijão plantadas em janeiro.
O quadro é desolador. O feijão, já iniciando a vagem, está morrendo. O milho vai no mesmo caminho. "Só vai sobrar o jejum da Semana Santa", diz seu Francisco, lamentando que espera colher, no máximo, um saco de 60 quilos de feijão.
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Ernane Rocha, admite que existe perda no campo. Porém, não é possível dizer o percentual. Alguns sindicalistas estão falando em 50%. Ernane garante que, a partir dessa semana, será feito um levantamento oficial.
Ele confirma também a informação de que existe muita terra tombada que não foi utilizada para o plantio. O produtor, segundo orientação da Ematerce, só plantou 60% das sementes. Os outros 40% estão esperando a consolidação do inverno.
fonte: diario do nordeste