O Ceará enfrenta uma situação
gravíssima de perda de recursos hídricos após cinco anos seguidos de
precipitações pluviométricas abaixo da média. A próxima quadra chuvosa vai ser
decisiva para o colapso ou não nos sistemas de abastecimento da Região Metropolitana
de Fortaleza RMF) e das cidades do Interior.
Num momento como esse, qualquer perspectiva otimista é animadora. Nos últimos dois dias, alguns meios de comunicação da região Sudeste divulgaram informações, com base em estudos norte-americanos e do Climatempo, de que o fenômeno meteorológico La Niña estaria se configurando e seria favorável à ocorrência de boas chuvas na região Nordeste no primeiro semestre de 2017.
Neutralidade
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, esclarece, entretanto, que o cenário atual não é bem assim. "Fala-se muito no La Niña, mas esse fenômeno ainda está na forma mínima, quase neutro", observou. "Pode se intensificar até dezembro, janeiro, e, infelizmente, quando mais precisaríamos dele em fevereiro, março, a previsão atual mostra que há 60% para que esteja reduzido ou possa não existir mais", acrescentou.
O La Niña pode favorecer a ocorrência de chuvas durante a quadra chuvosa no Ceará (fevereiro a maio). Caracteriza-se por apresentar temperatura abaixo da média esperada para o período nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. É o inverso do El Niño, que ocorreu no primeiro semestre deste ano: temperaturas superficiais mais elevadas e escassez de chuva no sertão nordestino.
O meteorologista da Funceme esclarece, entretanto, que é preciso dar tempo ao tempo. O Hemisfério Sul entrou na primavera, o sol passou pela linha do Equador e, em dezembro, estará mais ao Sul, iniciando o verão. No Hemisfério Norte vai ocorrer o inverso. Chegará em dezembro o inverno.
Esse período tem íntima relação com a ocorrência de chuvas no sertão nordestino. Em janeiro, a pré-estação, e de fevereiro a maio, ocorre a quadra chuvosa, para o sertanejo denominado de inverno. "Precisamos aguardar até dezembro, janeiro para termos uma definição melhor das possibilidades", sentencia.
A passagem do sol aquece as águas superficiais dos oceanos. O cenário favorável para a verificação de uma elevada pluviometria no Ceará é quando as águas superficiais do Oceano Atlântico Sul estão mais aquecidas do que as do Atlântico Norte. "A formação de nuvens de chuvas ocorre nas áreas mais aquecidas. O La Niña é importante, mas é como uma atriz coadjuvante porque o que mais influencia nas nossas chuvas é a temperatura do Oceano Atlântico", exemplifica.
No momento atual, o quadro é de neutralidade, ou seja, as probabilidades são iguais para termos uma quadra chuvosa dentro da média, acima ou abaixo. "Pelo menos, até agora, temos previsão de que o La Niña não vai ajudar", disse Fritz. E o pior pode ocorrer. Já há estudos que indicam a volta de El Niño para o primeiro semestre de 2018.
Situação gravíssima
"A situação é gravíssima". A afirmação foi feita pelo assessor da presidência da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima, durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, na semana passada, nesta cidade. "Vamos intensificar a perfuração de poços profundos na Capital e no Interior", afirmou.
As reservas hídricas estão se exaurindo e com a perda dos recursos hídricos dos açudes, as adutoras deixarão de funcionar, assim como secam as fontes de captação de água para milhares de carros-pipa. O que resta é a busca por água no subsolo, uma vez que as obras de transposição das Águas do Rio São Francisco estão atrasadas e não devem ser concluídas como se previa, no primeiro semestre de 2017.
Para Fritz, os modelos meteorológicos norte-americanos não são muito confiáveis porque estão distantes do período da quadra chuvosa. "Há um elevado grau de imprevisão", observou. Segundo Fritz, o Climatempo seguiu esses dados, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mantém parceria com a Funceme e está alinhado com a previsão atual de que o La Niña tende a ser mais fraco do que se esperava há três meses.
Fonte: Diário do Nordeste
Num momento como esse, qualquer perspectiva otimista é animadora. Nos últimos dois dias, alguns meios de comunicação da região Sudeste divulgaram informações, com base em estudos norte-americanos e do Climatempo, de que o fenômeno meteorológico La Niña estaria se configurando e seria favorável à ocorrência de boas chuvas na região Nordeste no primeiro semestre de 2017.
Neutralidade
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, esclarece, entretanto, que o cenário atual não é bem assim. "Fala-se muito no La Niña, mas esse fenômeno ainda está na forma mínima, quase neutro", observou. "Pode se intensificar até dezembro, janeiro, e, infelizmente, quando mais precisaríamos dele em fevereiro, março, a previsão atual mostra que há 60% para que esteja reduzido ou possa não existir mais", acrescentou.
O La Niña pode favorecer a ocorrência de chuvas durante a quadra chuvosa no Ceará (fevereiro a maio). Caracteriza-se por apresentar temperatura abaixo da média esperada para o período nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. É o inverso do El Niño, que ocorreu no primeiro semestre deste ano: temperaturas superficiais mais elevadas e escassez de chuva no sertão nordestino.
O meteorologista da Funceme esclarece, entretanto, que é preciso dar tempo ao tempo. O Hemisfério Sul entrou na primavera, o sol passou pela linha do Equador e, em dezembro, estará mais ao Sul, iniciando o verão. No Hemisfério Norte vai ocorrer o inverso. Chegará em dezembro o inverno.
Esse período tem íntima relação com a ocorrência de chuvas no sertão nordestino. Em janeiro, a pré-estação, e de fevereiro a maio, ocorre a quadra chuvosa, para o sertanejo denominado de inverno. "Precisamos aguardar até dezembro, janeiro para termos uma definição melhor das possibilidades", sentencia.
A passagem do sol aquece as águas superficiais dos oceanos. O cenário favorável para a verificação de uma elevada pluviometria no Ceará é quando as águas superficiais do Oceano Atlântico Sul estão mais aquecidas do que as do Atlântico Norte. "A formação de nuvens de chuvas ocorre nas áreas mais aquecidas. O La Niña é importante, mas é como uma atriz coadjuvante porque o que mais influencia nas nossas chuvas é a temperatura do Oceano Atlântico", exemplifica.
No momento atual, o quadro é de neutralidade, ou seja, as probabilidades são iguais para termos uma quadra chuvosa dentro da média, acima ou abaixo. "Pelo menos, até agora, temos previsão de que o La Niña não vai ajudar", disse Fritz. E o pior pode ocorrer. Já há estudos que indicam a volta de El Niño para o primeiro semestre de 2018.
Situação gravíssima
"A situação é gravíssima". A afirmação foi feita pelo assessor da presidência da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima, durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, na semana passada, nesta cidade. "Vamos intensificar a perfuração de poços profundos na Capital e no Interior", afirmou.
As reservas hídricas estão se exaurindo e com a perda dos recursos hídricos dos açudes, as adutoras deixarão de funcionar, assim como secam as fontes de captação de água para milhares de carros-pipa. O que resta é a busca por água no subsolo, uma vez que as obras de transposição das Águas do Rio São Francisco estão atrasadas e não devem ser concluídas como se previa, no primeiro semestre de 2017.
Para Fritz, os modelos meteorológicos norte-americanos não são muito confiáveis porque estão distantes do período da quadra chuvosa. "Há um elevado grau de imprevisão", observou. Segundo Fritz, o Climatempo seguiu esses dados, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mantém parceria com a Funceme e está alinhado com a previsão atual de que o La Niña tende a ser mais fraco do que se esperava há três meses.
Fonte: Diário do Nordeste