sábado, 15 de outubro de 2016

Companhia Siderúrgica Nacional pode sair da Transnordestina



Sem previsão para investir na implantação da ferrovia Transnordestina e amargando dez anos de obras no projeto, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pode perder a concessão da obra e o caminho seria uma nova licitação.

De acordo com informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, uma medida provisória (MP) em elaboração pelo governo federal é prevista para resolver concessões problemáticas. A ideia é que a ferrovia seja devolvida ao governo e a empresa indenizada pela parte construída. A ferrovia atualmente está com 55% de obras civis tem previsão para ser concluída em 2020, dez anos do prazo inicial de entrega (2010). A CSN foi procurada, mas não comentou o assunto.

O cancelamento da concessão já integrou um pedido encaminhado pelo presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, ao governo federal. Essinger apresentou ao então presidente interino Michel Temer a proposta de que o projeto da ferrovia seja assumido pelo setor público, para que se decida uma nova forma de fazer a malha ferroviária sair do papel.

A diretoria da CSN chegou a procurar o presidente Temer para que um repasse extraordinário de R$ 300 milhões seja efetuado para concluir e quitar contratos já vigentes, o que daria um gás para avançar. Segundo a Transnordestina Logística (TLSA), empresa responsável pela obra, o conjunto de ramais e sub-ramais e trechos que estão sendo construídos tem regulação realizada por instrumentos contratuais que compreendem, além de acordo de acionistas, um de investimentos voltado a disciplinar as fontes públicas e privadas de financiamento e o momento dos aportes de responsabilidade de cada um. A empresa não divulga quanto é a sua parcela de investimento por conta própria, mas afirma que R$ 3,6 bilhões são adquiridos com fontes financeiras.

Para o governo a falta de investimentos pelo grupo privado gerou uma situação de desconfiança. Além disso, a CSN solicitou o aporte para tirar o projeto do papel, mas não deu a celeridade necessária. O custo inicial de R$ 5,4 bilhões e, dez anos de obra com metade entregue, passou para R$ 11,2 bilhões sem trazer qualquer utilidade a logística da região Nordeste. A previsão é que, em operação, a ferrovia Transnordestina movimente cerca de 30 milhões de toneladas por ano, sendo destaque de 3,4 milhões de toneladas em grãos, 1,8 milhão de toneladas de combustíveis, 10 milhões de toneladas de minério de ferro e 7,9 milhões de toneladas em outras cargas. Só que a obra é esperada desde 2010 e não avança.

A ferrovia possui 1.753 quilômetros que partem de Eliseu Martins, no Paiuí, e segue até Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, de onde partem as duas conexões para os portos de Pecém, no Ceará, e de Suape, em Pernambuco. Da extensão total, 750 quilômetros estão em Pernambuco, 608 quilômetros no Ceará e 395 quilômetros no Piauí.

Fonte: Diário de Pernambuco

Açude Orós chega ao seu nível mais baixo e preocupa autoridades



O Açude Orós, o segundo maior do Estado, está com o seu de nível mais baixo de armazenamento de água desde 2004, de acordo com os registros da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O reservatório vem sendo utilizado para suprir parte da demanda hídrica do Castanhão, a fim de abastecer Fortaleza e a Região Metropolitana.

Os 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), cuja capacidade total são 18,64 bilhões m³, apresentam volume atual de 1,58 bilhão m³ (8,45%). No ano de 2016 foi registrado um aporte total de 738,13 milhões m³.

Atualmente, a reserva do Orós é de 383,53 milhões de metros cúbicos, enquanto que a capacidade total é de 1,940 bilhão m³, atingido pela última vez em 2004. Mesmo com a queda no volume, começou em setembro a operação de liberação de água com maior volume do Açude para o Rio Jaguaribe até o Castanhão e daí para a Capital e os municípios adjacentes da RMF. O reservatório já foi utilizado no passado como reserva estratégica para o  abastecimento da Capital e RMF. Em 1993, o então governador Ciro Gomes construiu o Canal do Trabalhador que captou água do Orós no Rio Jaguaribe evitar o colapso de água.

Com o agravamento da seca, as reservas hídricas chegaram, de um modo geral, a um estado crítico a ponto do governador Camilo Santana reunir a bancada federal no Palácio do Abolição, na semana passada, a fim de sensibilizar o poder público e, especialmente, o presidente Michel Temer, para encontrarem meios para  a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco. No momento, os serviços estão parados, em decorrência do abandono dos trabalhos pela construtora responsável Mendes Júnior. Com isso, o cronograma de que as águas chegariam ao Ceará até o fim deste ano ou começo de 2017 já está comprometido.

Para o secretário de Relações Institucionais, Nelson Martins, além do fato das obras de Transposição voltarem a ter continuidade, uma vez que está interrompida no trecho Norte, no território pernambucano, há uma urgente necessidade de também agilizar e até intensificar as atividades de consecução do Cinturão das Águas. A principal pendência é para que haja um aumento do aporte de recursos no orçamento para 2017, que possa garantir cerca de R$ 30 milhões por mês para a manutenção dos serviços.

 A intenção do governo federal é disponibilizar um montante de R$ 210 milhões para o próximo ano. Já o governo do Estado pleiteia um acréscimo de R$ 150 milhões, o que garantiria o custeio mensal necessário. "Estamos vivendo um momento de muita apreensão em que todas as alternativas de enfrentamento da seca estão sendo avaliadas", disse martins.

O volume de água das bacias está distribuído: Litoral (33,12%), Alto Jaguaribe (18,01%), Coreaú (32,23%), Metropolitanas (13,62%), Serra da Ibiapaba (16,95%), Médio Jaguaribe (5,58%), Salgado (11,19%), Acaraú (8,20%), Banabuiú (2,16%), Sertões de Crateús (2,19%), Curu (1,94%) e Baixo Jaguaribe (0,00%).

Fonte: Diário do Nordeste

Impacto de cometa ajudou mamíferos a dominarem a Terra, diz estudo



Cientistas americanos acreditam que a expansão dos mamíferos na Terra pode ter sido diretamente influenciada pelo impacto de um cometa durante o período Eoceno, 55 milhões de anos atrás.

A conclusão, divulgada em artigo da revista "Science", aponta que a colisão pode ter dando início a uma fase de rápido aquecimento global.

Os pesquisadores encontraram fragmentos esféricos de vidro que, acredita-se, tenham se formado quando detritos se fundiram e acabaram solidificados no ar após o impacto do cometa com a Terra. A interpretação, contudo, é contestada por outros especialistas.

Colisões espaciais causaram efeitos profundos nos ecossistemas do nosso planeta. Um dos exemplos mais extremos é o do asteroide que caiu na península de Yucatán, no México, 66 milhões de anos atrás. O episódio, acreditam muitos cientistas, foi responsável pela extinção dos dinossauros.

Dennis Kent, coautor do estudo, acredita que o vidro encontrado nos sedimentos escavados na costa de Nova Jersey, nos Estados Unidos, pode ser de um cometa de 10km de extensão que caiu no oceano Atlântico.

O episódio pode ser uma das explicações para a emissão de CO2, e outros gases de efeito estufa, que aqueceram o planeta muito rapidamente 55,6 milhões de anos atrás. À época, as temperaturas globais subiram 6 graus Celsius em menos de 1.000 anos. "[A Terra] ficou quente muito rápido. Esses indícios sugerem qual foi a origem", disse o pesquisador da Universidade de Rutgers.

Mudança climática

O período de aquecimento brusco, conhecido como Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (MTPE), é frequentemente comparado ao fenômeno atual de mudanças climáticas influenciado pelo homem.

Esse pico de temperatura coincide com a dispersão de grupos mamíferos para novas partes do mundo, além da diversificação em três grupos que se mantêm até hoje: Artiodátilos, Perissodáctilos e Primatas - a ordem que inclui os seres humanos. Entre os Artiodátilos modernos estão ovelhas, porcos, camelos e girafas. Já os Perissodáctilos incluem zebras, cavalos e rinocerontes.

Os agentes responsáveis por essa evolução brusca dos mamíferos não são completamente compreendidos até hoje. O planeta perdeu quase todo o seu gelo durante o MTPE, com o nível do mar significativamente mais alto que o atual. Diversos organismos unicelulares das profundezas dos oceanos foram extintos.

No solo, contudo, os mamíferos foram capazes de se adaptar movendo-se para os polos, o que abriu novas oportunidades para as classes.

Teorias mais consolidadas sugerem que a fase de aquecimento global, que durou cerca de 200.000 anos, foi causada por fontes no interior da Terra, como atividades vulcânicas intensas.

Mas os autores do estudo publicado pela Science identificaram um mineral distinto dentro das diminutas esferas, conhecidas como microtectitos. Esse mineral chamado lechatelierite, "é formado em temperaturas muito elevadas - cerca de 1.700 graus Celsius", de acordo com Kent.

A presença desse mineral é difícil de ser explicada sem um evento energético intenso, como um impacto. O magma de uma erupção vulcânica, por exemplo, tem temperaturas muito mais baixas.

Uma segunda linha de evidências vem da descoberta de grãos de quartzo de impacto em uma das esférulas. Esses grãos de impacto ocorrem quando o quartzo é deformado por um tipo de pressão tão intensa quanto a produzida por uma colisão cósmica. Outra vez, a pressão em um vulcão não seria suficiente para produzir esses grãos.

Entretanto, o professor Christian Koeberl, especialista em impactos da Universidade de Viena, na Áustria, que não participou do estudo, ressalta que a identificação do quartzo de impacto foi realizada por meio de uma técnica conhecida como espectrometria Raman.

Koeberl disse à BBC News que "esse método não é o padrão para identificar quartzo de impacto. Então, pode ser que seja, mas pode ser que não."

Em um estudo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters em 2003, Dennis Kent já tinha levantado a hipótese do choque de um cometa.

Ele sustentou seu argumento em partículas magnetizadas de barro encontradas em Nova Jersey que, ele acredita, podem ter sido alteradas por um impacto vindo do espaço. Entretanto, diversos especialistas não ficaram convencidos pela hipótese.

A descoberta das esférulas, relatada na Science, traz novas evidências a favor da teoria do cometa, segundo Kent.

"Elas não necessitariam de um cometa, um asteroide seria suficiente, mas a ideia é atraente por causa do aumento nos isótopos de carbono que atuam como gases do efeito estufa", relatou.

"Cerca de 20% da massa de um cometa é carbono. Também existem indicações de análises do Sistema Solar de que esse carbono tende a ser isotopicamente leve."

O impacto que resultou na extinção dos dinossauros, 66 milhões de anos atrás, amplamente aceito como causado por um asteroide, deixou uma camada pronunciada do elemento irídio em rochas distantes do local da cratera.

O irídio, raramente encontrado na Terra, é comum em asteroides. Entretanto, o impacto de um cometa com mais rocha e gelo que um asteroide, poderia explicar o porquê dos cientistas não terem identificado uma camada significativa do elemento no período Paleoceno-Eoceno.

Além disso, os "cometas vieram de fora do Sistema Solar, por isso a velocidade de impacto é em torno de três vezes mais forte que a dos asteroides", completou o professor.

Essa alta velocidade de impacto pode diluir o irídio presente no objeto espacial. E um impacto no oceano poderia explicar o porquê de nenhuma cratera ter sido encontrada.

Koeberl explica à BBC News que a evidência da esférula "indica que o impacto pode ter ocorrido naquele período, mas somente se as esférulas forem realmente, sem nenhuma dúvida, do Paleoceno-Eoceno."

"A informação fornecida até agora não é conclusiva nesse aspecto - não importa se as esférulas são derivadas de outra camada estratigráfica (espero que a possibilidade de contaminação possa ser excluída, o que também não é incomum. As esférulas já foram encontradas em locais bastante estranhos). Então dados da era seriam bem-vindos."

O professor ainda destaca ter percebido "que as esférulas são muito pequenas e bastante raras. Isso indica uma fonte muito distante (mas o alcance limitado ainda é atípico), ou um evento de impacto pequeno. Ambos não indicam uma grande influência no clima terrestre. Dessa forma, acredito que qualquer conclusão de que um impacto teria causado o MTPE não tem fundamento nos dados."

Fonte: BBC Brasil