Os Correios como ponto de recepção de pedidos de indenização estão em
xeque na CPI do DPVAT. Além da deputada Gorete Pereira (PR-CE), o
deputado Cabo Sabino (PR-CE) fez duras críticas ao modelo, indo além ao
questionar por que as grandes seguradoras, em particular as ligadas a
conglomerados financeiros, não põem sua estrutura em prol do atendimento
às vítimas de trânsito no País. E, exemplificando, citou nominalmente
Bradesco, Itaú, Porto Seguro (associada ao Itaú) e Mapfre (associada ao
Banco do Brasil).
“Por que estas empresas não recebem os clientes e
passam a fatura para os Correios?”. Este questionamento o parlamentar
cearense fez à Susep durante o depoimento na CPI prestado dias atrás
pelo então superintendente da autarquia, Roberto Westenberger. A Susep
entende que não cabe a ela regular essa questão.
Cabo Sabino
também não poupou críticas à permissão dada aos sindicatos dos
corretores de seguros (os Sincors) para participar da recepção de
documentos de sinistros DPVAT, o que inicialmente confundiu com
regulação de sinistro. “Sindicato não tem essa função”, sustentou,
questionando o fato dessas entidades sindicais receberem dinheiro da
Líder para isso. “Faz-se farra com o dinheiro do povo, gasta-se mais com
despesas administrativas do que com [o pagamento de] indenizações. E aí
até os sindicatos dos corretores de seguros estão recebendo. Onde está a
Susep?”, disparou o parlamentar.
Cabo Sabino chegou a qualificar a
Seguradora Líder de “laranja” das grandes seguradoras do mercado de
seguros brasileiro. Segundo ele, são empresas que ganham com o DPVAT sem
assumir suas responsabilidades. Citou as ações judiciais impetradas
contra esse seguro obrigatório, movidas contra a Líder, que é o “saco de
pancada”, nunca contra as grandes seguradoras, que permanecem no
mercado intocáveis.
“Encontraram uma maneira de criar um
consórcio, de nome Líder, que não passa de um ‘laranja’. Enganam seus
usuários”, acusou, para em seguia afirmar que as empresas que fazem
parte desse consórcio sequer abrem as portas de suas agências para que
os usuários DPVAT deem entrada nos pedidos de indenizações. “Ninguém
nunca viu uma pessoa dentro de uma agência bancária para dar entrada no
seguro. Eles [os bancos] não querem que o pobre vá lá dentro das
agências”, denunciou Cabo Sabino. A Susep refutou a acusação de que a
Líder é usada como “laranja” das grandes seguradoras.
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