A 438 km de João Pessoa, a região de Sousa, no sertão da Paraíba, abriga
um famoso parque chamado Vale dos Dinossauros, que atrai pesquisadores e
turistas do mundo todo devido às abundantes pegadas desses bichões. Agora,
no entanto, paleontólogos encontraram um outro vestígio desses nordestinos
pré-históricos: fragmentos fossilizado da fíbula, um osso da perna, do que
seria uma nova espécie de titanossauro –herbívoro famoso pelo longo pescoço–
que viveu no Estado há cerca de 136 milhões de anos. A descoberta, liderada
pela paleontóloga Aline Ghilardi, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco
tem dois méritos principais: é a primeira identificação eficaz dos grandes
répteis que habitaram aquela região e é ainda o dinossauro mais antigo do
período Cretáceo (entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás) a ser identi-
ficado no Brasil. A descoberta aponta para a possibilidade de acharmos mais
ossos dos animais que deixaram aquelas pegadas", diz o paleontólogo Felipe
Pinheiro, professor da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), que não
participou do trabalho. A partir do estudo comparativo do material encontrado,
os pesquisadores concluíram que se trata de uma espécie inédita. A fração óssea
recuperada, porem, ainda não é suficiente para descrever a espécie formalmente.
Por enquanto, o dinossauro recebeu o apelido de Sousatitan –o titã de Sousa.
Os paleontólogos aguardam a coleta de mais material e o aprofundamento das
pesquisas para prosseguirem com a descrição completa e oficial do animal.
"Mas isso [o fato de a espécie não ter sido descrita ainda] não tira o mérito
da descoberta. Na verdade, o novo achado é ainda mais importante do que muitos
´nomes novos´ de espécies que já vi por aí", considera Pinheiro. O artigo,
publicado na revista científica "Cretaceous Research", já traz informações
relevastes sobre esse novo dinossauro. Os cientistas estimam que ele tinha
1,60 m de altura até o quadril e que não deveria ter mais do que 5,70 m de
comprimento. Ou seja, não era dos maiores. Uma análise histológica, no
entanto, mostrou que o osso pertencia a um indivíduo jovem, que morreu antes
de se desenvolver completamente. "É possível que um Sousatitã adulto pudesse
atingir um tamanho muito maior do que esse", afirma Ghilardi. A identificação
do fóssil só foi possível graças à observação atenta de um dos moradores de
Sousa, Luiz Carlos Gomes, que viu o osso ainda em meio às pedras e sedimentos
e resolveu tirar uma foto. A imagem, compartilhada na internet, chegou a um
grupo de paleontólogos, que logo notou o potencial dos fragmentos encontrados.
Uma parceria com a secretaria de turismo local garantiu que o fóssil fosse
devidamente recolhido e transportado para a Universidade Federal de Pernambuco
onde foi estudado. Após o trabalho, o titã paraibano retornou para Sousa,
onde em breve será exposto ao público no museu do Vale dos Dinossauros.
Segundo Ghilardi, a descoberta pode ajudar a impulsionar não somente a
pesquisa paleontológica, mas também o turismo da região. O parque, criado
pelo governo do Estado da Paraíba em 2002, tem de 700 km2 e diversas ativi-
dades envolvendo dinossauros e ecoturismo. Mas a atração principal são
mesmo as pegadas. Há registros que variam entre 5 cm e 40 cm e a área
reserva ainda uma das mais longas trilhas de pegadas desses grandes répteis
no mundo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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