sábado, 3 de abril de 2010

Centro-Sul aponta perda de 60% no milho e feijão

Icó. O mês de abril começa com um saldo de perda de pelo menos 60% nas culturas de sequeiro de milho e feijão. A estimativa é de um grupo local de técnicos do setor agrícola. Na última semana de março, a chuva voltou a banhar o solo do sertão, na região Centro-Sul. A esperança dos agricultores foi renovada, mas os estragos provocados pela estiagem deixaram um resultado negativo para a maioria dos pequenos produtores.

O agricultor Miguel Vieira de Souza plantou um hectare de milho, na localidade de Verdinha, zona rural deste Município. "Estou limpando a roça para tentar salvar alguma coisa, mas já perdi 50%", disse. Ele aproveitou o feriado de Páscoa para fazer o serviço no roçado. "O milho não cresceu e está irregular", lamentou.

Souza lembrou que no ano passado teve prejuízo por causa do excesso de chuva. "Neste ano, a situação está diferente. O veranico não deixou a lavoura se desenvolver". Em algumas áreas, o plantio praticamente não nasceu.

A quadra invernosa deste ano está bem abaixo da média e irregular na maioria dos Municípios da região Centro-Sul. Representantes de sindicatos, da Secretaria de Agricultura, escritório local da Ematerce e da Associação de Produtores do Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos estiveram reunidos para avaliar os estragos causados pela estiagem nos meses de fevereiro e março deste ano.

Veranico

O secretário de Agricultura, Mailton Bezerra, disse que a estimativa inicial é de perda em torno de 60%. "Há áreas mais críticas do que outras, mas no geral o veranico provocou perda da lavoura. Quem plantou em meados de fevereiro, sofreu prejuízo, porque a lavoura não desenvolveu por falta de água", disse o secretário.

Mailton Bezerra confirma que alguns produtores fizeram o replantio com as chuvas que voltaram a banhar o sertão nos últimos oito dias. "Foram cultivadas áreas menores em comparação com o primeiro plantio. Quem vive da agricultura de sequeiro, de sobrevivência, tem de arriscar, insistir".

Apesar das dificuldades, muitos agricultores acreditam que a partir deste mês as chuvas voltem com maior intensidade. "Quem plantar agora, caso chova até junho, terá safra", observa o secretário de Agricultura de Jucás, José Teixeira Neto. "As sementes são de ciclo rápido". Teixeira observou que a quadra invernosa irregular já deixou sérios prejuízos no campo. "Parece que teremos um inverno tardio". Uma mostra de que as chuvas estão atrasadas é que ainda há safra de manga, quando o ciclo de produção desse fruto, no sertão, encerra-se em dezembro ou janeiro.

"Essas últimas chuvas, pelo menos favoreceram o crescimento da pastagem nativa para o rebanho bovino", frisou Teixeira. "A falta de alimento para o gado estava cada vez mais grave". Foi, sem dúvida, um alívio para o setor pecuário. Muitos criadores estavam preocupados com a situação.

Previsão

De acordo com dados da Funceme, ontem, choveu em 60 municípios do Estado. A região mais favorecida foi o Cariri, no Sul do Ceará. A maior precipitação ocorreu no Crato, com 94mm. Em Milagres, foram registrados 59mm e em Juazeiro do Norte, 45mm. Na região Norte, em Meruoca choveu 45mm e Viçosa do Ceará, 40mm.

A Funceme prevê, para hoje, céu parcialmente nublado, com ocorrência de chuva isolada, principalmente na faixa litorânea e Serra da Ibiapaba. As regiões cearenses devem ficar com nebulosidade variável, com possibilidade de chuva isolada na região Sul do Estado.

Esperança
"As chuvas voltaram e trouxeram novas esperanças para os agricultores, mas já ocorreu muito estrago"
Mailton Bezerra
Secretário de Agricultura do Município de Icó

Chuvas
Crato 94mm
Milagres59mm
Sobral51,7mm
Juazeiro do norte45mm
Meruoca45mm
Quixadá44mm
Viçosa do ceará 40mm
Farias brito31mm
Irapuan pinheiro26mm
Assaré24mm
Maranguape24mm

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Agricultura
Município de Icó
(88) 3561.5564
www.ico.ce.gov.br


Honório BarbosaRepórter

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