Talvez nunca seja possível sair voando com seu
carro para escapar do trânsito. Mas isso não significa que a indústria tenha
parado de tentar chegar perto disso.
Em busca do primeiro carro voador estão Airbus,
Toyota, Embraer e start-ups americanas e europeias. A ideia é ter veículos de
transporte urbano aéreo, com decolagem vertical, em até cinco anos.
Em abril, a Uber criou a divisão Elevate, para
coordenar um serviço de táxi voador quando as aeronaves estiverem prontas.
"O trânsito é incômodo nas metrópoles.
Começamos a estudar como trazer as aeronaves para ajudar na mobilidade
urbana", diz Antonio Campello, diretor de inovação da Embraer, uma das
empresas que vão desenvolver veículos para a Uber. A ideia é ter um protótipo
até 2020.
O time da Embraer é pé no chão. "Chamam de
carro voador, mas é aeronave. Não é prático fazer avião com roda, chassi,
engrenagens de carro. Até dá, mas gasta muito combustível", diz Campello.
Também não é provável que as autoridades permitam
que motoristas pilotem carros-avião como nos filmes.
"A regulação do setor aeronáutico é
restritiva, e nós não faríamos uma nave que voasse sem confiabilidade",
afirma Sandro Valeri, engenheiro da Embraer.
Outros fabricantes ainda não descartaram o ideal
"Blade Runner", como no Pop.Up, da europeia Airbus, que tem partes
desmontáveis –um chassi com rodas, uma cápsula de passageiros e hélices
acopladas no teto. Intercala o uso terrestre com o aéreo, ambos sem motorista.
A Airbus pertence a um grupo de empresas que defende
mudanças na regulação internacional para permitir naves sem motorista,
controladas à distância. É também o objetivo da Embraer e da Uber no Brasil.
Hoje, não há certificação para veículos assim.
BATERIA FRACA
Há limitações técnicas. Para operar em grande
escala, em meio ao trânsito comum, é necessário um motor silencioso. O ideal é
que seja um veículo elétrico, mas a eficiência das baterias ainda não é
suficiente para sustentar o voo por muito tempo.
A chinesa eHang e a alemã Volocopter aperfeiçoaram
a tecnologia de drones e criaram pequenos helicópteros elétricos,
potencialmente autônomos, que já foram testados no ar. Ambos têm limitações de
alcance. O eHang voa sozinho por até 23 minutos, e o Volocopter, 20. O tempo
para carregar é quase o dobro.
Os protótipos serão testados em Dallas, nos EUA, e
Dubai, nos Emirados Árabes, ainda neste ano. Mas a autonomia de bateria só
permite percorrer metade de Dubai. Em São Paulo, seria o suficiente para levar
alguém do aeroporto de Guarulhos até a avenida Paulista.
Quanto maior a bateria, maior o peso e a perda de
eficiência. Há quem questione se as baterias de lítio são seguras o suficiente
para voos e se estão sendo usados os métodos de refrigeração adequados nesses
protótipos.
A limitação de peso reforça a necessidade de mudar
a regulação aérea, dispensar o piloto e tornar os veículos completamente
autônomos, segundo os fabricantes.
A Toyota também está na corrida e espera ter um
veículo a tempo da Olimpíada de Tóquio, em 2020.
O Aeromobil, menos sustentável, foca os que têm
licença de piloto de avião. Movido a gasolina quando voa e bateria quando está
no chão, ele precisa de uma pista de 15 metros para decolar e deve custar mais
de € 1 milhão.
Já o Lilium Jet, avião alemão completamente
elétrico, terá propulsão vertical e horizontal. No projeto, ele decola com
rotores de helicóptero e, quando já está no ar, passa a se sustentar com asas.
Com autonomia de voo de uma hora, o Lilium diz que
terá bateria para rodar 300 km e carregar até cinco pessoas. Não é exatamente
um "carro voador". Mas, caso decole, pode inspirar a criação de
modelos menores –alguns, até, com rodas. Com informações da Folhaepress.
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