Pesquisa de biocombustíveis realizada em Brasília
pela Embrapa Agroenergia identificou espécies de microalgas que podem ser
cultivadas em resíduos líquidos de processamento em agroindústrias, gerando
matéria-prima renovável. Além dos combustíveis, podem ser gerados, entre outros
produtos, rações e cosméticos. Os estudos duraram três anos e também
identificaram espécies na biodiversidade brasileira.
Os estudos utilizaram a vinhaça, formada na
produção de açúcar e etanol de cana, e o pome (palm oil mill effluent), gerado
no processamento de dendê, aproveitado na fertirrigação das plantações. De
acordo com técnicos da Embrapa, utilizá-los como meio para produzir microalgas
deverá agregar valor às cadeias produtivas da cana e do dendê, produzindo mais
biomassa e óleo para obter energia e bioprodutos.
Produtividade
As microalgas são organismos unicelulares e
microscópicos que vivem em meios aquáticos. Elas não são plantas, mas são
capazes de realizar fotossíntese e de se desenvolver utilizando luz do sol e
gás carbônico. Se reproduzem muito rapidamente, proporcionando grande
quantidade de óleo e de biomassa.
A produtividade pode ser de dez a 100 vezes maior
que de cultivos agrícolas tradicionais. Isso chamou a atenção de setores que
necessitam de grandes quantidades de matéria-prima, como biocombustíveis.
Óleos produzidos por algumas espécies quase sempre
contêm compostos muito valiosos, como Ômega 3 e carotenoides. Por isso, elas
também encontram espaço em indústrias que atendem nichos de mercado e pagam
mais caro por matérias-primas com propriedades raras. É o caso dos cosméticos e
dos suplementos alimentares.
Segundo a Embrapa Agroenergia, já existem no Brasil
pelo menos quatro empresas produzindo microalgas: duas no Nordeste, com foco em
nutrição humana e animal, e outras duas no interior de São Paulo, atendendo
indústrias de cosméticos e também de rações, além de projetos para tratamento
de efluentes.
Mercado
Estudo sobre microalgas do governo dos Estados
Unidos mostrou que o uso de linhagens modificadas geneticamente chega a reduzir
em 85% o custo de produção. O mercado de biocombustível está em ascensão no
mundo. Na Europa, mil ônibus movidos a biometano, um biogás refinado, circulam
grandes cidades do continente.
Conforme a Associação Europeia de Biogás, a
Alemanha, com 185 plantas de produção do biocombustível, é o país com o maior
grau de implementação da tecnologia, seguida pela Suécia, com 61. Com
informações da Agência Brasil.
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