O uso de drones para atingir
áreas de difícil acesso e levar suprimentos é uma ideia antiga e já foi testada
na prática: drones já levaram medicamentos a áreas remotas e até sangue para
transfusão. Mas a empresa britânica Windhorse
Aerospace quer incrementar o papel do drone nessa empreitada: ele
levaria comida até áreas de risco e, além de servir como meio de transporte,
seria comestível também.
O
protótipo ganhou o nome de Pouncer e suas especificações técnicas já foram patenteadas – com exceção
da parte de materiais alimentícios para construção. Por enquanto, o Pouncer
seria um drone com aterrissagem precisa, criado especialmente para carregar até
50 kg de comida e água a cenários de guerra ou acidentes. A ideia é que
seu custo de fabricação ficasse por volta das £100 (cerca de R$ 383). O preço
total do vôo e dos mantimentos somaria no máximo £250 (em reais). Ele precisa
ser barato, porque a ideia é que seja de uso único, sem precisar ser recuperado
para novos vôos.
Só
este projeto já seria uma novidade para a ajuda humanitária, para a qual os
drones servem, no máximo, para a entrega de medicamentos. Mas o fundador da
Windhorse Aerospace quer ir mais longe – já que o drone não vai voltar mesmo,
melhor torná-lo comestível e aumentar a quantidade de comida transportada sem
alterar a carga máxima.
Nigel
Gifford, que está por trás da empreitada, projetava aeronaves para o exército,
mas ficou famoso por suas iniciativas malucos. Vendeu um drone para o Facebook,
chamado Ascenta (e depois Aquila) que serviria como um modem de internet, em
pleno vôo, para as áreas onde a conexão ainda não chegou. Antes disso, ele foi
do time de logística de Richard Branson, magnata que tentou dar a volta ao
mundo em um balão de ar. O drone deu certo – a aventura não.
Seu
próximo desafio é encontrar os melhores materiais para a produção do drone
comestível. Em uma entrevista ao Financial Times, ele mencionou alguns
candidatos bizarros: favos de mel ou vegetais comprimidos para a estrutura e
salame para o trem de pouso. Para Gifford, a carne processada tem a “força e a
flexibilidade ideal” para a tarefa.
A
proposta não convenceu as agências de ajuda humanitária. Primeiro, porque não
acreditam que drones vão funcionar para distribuição ampla de comida. A segunda
crítica é que as comunidades em risco estariam sendo usadas como plataforma de
testes para uma nova tecnologia de drones, mesmo que comestível.
Ainda
que a ideia de comer o pacote de entrega faça sentido inicialmente, as
primeiras entrevistas sobre o Pouncer falavam de um drone de baixo custo que
poderia ser desmontado e as peças retiradas para serem usadas como material
para construir abrigos ou mesmo queimadas com segurança e alimentar pequenas
fogueiras, auxiliando no preparo de alimentos. Um drone de cenoura
compactada e salame é incrível – mas uma proposta mais pé no chão seria
bem mais útil.
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