Embrapa, Fiocruz, universidades
federais, estaduais, centros de pesquisa, laboratórios e todo o sistema de
ciência tecnologia e inovação do Brasil podem ter suas conexões de
internet interrompidas em setembro. Isso porque a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
(RNP) não recebeu do Governo Federal nenhum centavo dos R$ 136 milhões
previstos em seu orçamento deste ano e não há mais dinheiro em caixa para
manter toda essa estrutura. Localizada na Unicamp, em Campinas (SP), a RNP é
responsável por fornecer internet de alta velocidade a 739 instituições de
ensino e centros de pesquisas.
Se as conexões forem mesmo interrompidas a partir de setembro, centenas pesquisas podem vir a ser prejudicadas, incluindo o trabalho desenvolvido na Agência Espacial Brasileira, na Academia da Força Aérea e até mesmo em hospitais como o Albert Einstein e o Instituto do Coração de São Paulo.
A RNP é uma Organização Social (OS) vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e mantida em conjunto pelos ministérios da Educação, Cultura, Saúde e Defesa. Sem receber a verba deste ano, a instituição só conseguiu manter toda a estrutura de redes das universidades até agora por ter feito uma verdadeira ginástica financeira com as sobras do orçamento de 2015.
De acordo com Nelson Simões, diretor-geral da organização, o orçamento da RNP diminuiu drasticamente no úlltimo ano e o dinheiro, que já era insuficiente, uma vez que o custo para a manutenção das atividades é de cerca de R$ 250 milhões, passou a R$ 136 milhões.
Pesquisas em risco
Sem esses recursos, pesquisas em áreas da biodiversidade, genoma humano, células-tronco, física de altas energias, telessaúde e o acesso a equipamentos sofisticados compartilhados por projetos científicos internacionais, como o gerador de luz síncrotron que funciona no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) na Unicamp, o supercomputador Santos Dumont do Laboratório Nacional de Computação Científica, os telescópios para pesquisa de energia escura do projeto DES (Dark Energy Survey), no Chile, e as pesquisas CERN, maior laboratório de Física de Partículas do mundo, na Suíça, podem ser comprometidas.
"Ano passado a redução de recursos foi da ordem de 40%, mas foi possível manter as operações, ainda que paralisássemos a ampliação da rede. Este ano, a redução de recursos chegou a praticamente 50% e a RNP sinalizou para os ministérios de que é preciso tomar medidas. No curto prazo é preciso liberar recursos para que o serviço não seja suspenso. Temos condições de operar com qualidade até setembro", explica Nelson.
Otimista, ele acredita que receberá os recursos necessários nos próximos 20 dias. "A RNP não trabalha com a possibilidade de suspensão a curto prazo. O MEC sinalizou que já começou a fazer o pagamento e o MCTIC prometeu que vai liberar o resto de recursos do ano passado", conta.
Em uma carta, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) manifestou publicamente esta semana sua preocupação com a possibilidade de um importante patrimônio nacional, resultado de grande esforço da comunidade acadêmica brasileira, ser gravemente impactado.
"Os serviços disponibilizados pela RNP para mais de 1.300 pontos de instituições federais de ensino superior e pesquisa em todo o país, representam uma economia significativa de recursos públicos em função da escala da operação da RNP e das tecnologias inovadoras utilizadas. Dessa rede dependem atividades essenciais para o avanço da ciência e tecnologia nacionais, tais como o acesso e a operação compartilhada de grandes bancos de dados científicos, laboratórios e experimentos", diz trecho da carta assinada pelo presidente da instituição, Lisandro Zambenedetti Granvil.
Custo da conectividade
Do custo anual da RNP, cerca de 51% é gasto com conectividade. A organização fornece internet de alta velocidade via fibra óptica de 1 gigabyte por segundo (Gbps), 10 vezes a velocidade máxima do 4G, e há casos em que a velocidade é superior e chega a 40 Gbps, como acontece no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
E os custos para manter a rede funcionando no interior do país são ainda mais altos. Segundo Nelson Simões há 40 universidades que recebem conectividade via satélite, como é o caso da Estadual do Amazonas.
"Temos a expectativa de que o orçamento para o ano que vem seja recomposto. Além dos R$ 136 milhões desse ano, precisamos de R$ 250 milhões no ano que vem. Estamos operando com orçamento pela metade e passamos pelo fim de um ciclo de expansão da rede. Há cerca de 200 instituições a serem conectadas e temos de manter as 40 que conectam via satélite. Desde 2015 a RNP parou de crescer e nosso esforço hoje é para manter a qualidade", conta Nelson.
G1
Se as conexões forem mesmo interrompidas a partir de setembro, centenas pesquisas podem vir a ser prejudicadas, incluindo o trabalho desenvolvido na Agência Espacial Brasileira, na Academia da Força Aérea e até mesmo em hospitais como o Albert Einstein e o Instituto do Coração de São Paulo.
A RNP é uma Organização Social (OS) vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e mantida em conjunto pelos ministérios da Educação, Cultura, Saúde e Defesa. Sem receber a verba deste ano, a instituição só conseguiu manter toda a estrutura de redes das universidades até agora por ter feito uma verdadeira ginástica financeira com as sobras do orçamento de 2015.
De acordo com Nelson Simões, diretor-geral da organização, o orçamento da RNP diminuiu drasticamente no úlltimo ano e o dinheiro, que já era insuficiente, uma vez que o custo para a manutenção das atividades é de cerca de R$ 250 milhões, passou a R$ 136 milhões.
Pesquisas em risco
Sem esses recursos, pesquisas em áreas da biodiversidade, genoma humano, células-tronco, física de altas energias, telessaúde e o acesso a equipamentos sofisticados compartilhados por projetos científicos internacionais, como o gerador de luz síncrotron que funciona no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) na Unicamp, o supercomputador Santos Dumont do Laboratório Nacional de Computação Científica, os telescópios para pesquisa de energia escura do projeto DES (Dark Energy Survey), no Chile, e as pesquisas CERN, maior laboratório de Física de Partículas do mundo, na Suíça, podem ser comprometidas.
"Ano passado a redução de recursos foi da ordem de 40%, mas foi possível manter as operações, ainda que paralisássemos a ampliação da rede. Este ano, a redução de recursos chegou a praticamente 50% e a RNP sinalizou para os ministérios de que é preciso tomar medidas. No curto prazo é preciso liberar recursos para que o serviço não seja suspenso. Temos condições de operar com qualidade até setembro", explica Nelson.
Otimista, ele acredita que receberá os recursos necessários nos próximos 20 dias. "A RNP não trabalha com a possibilidade de suspensão a curto prazo. O MEC sinalizou que já começou a fazer o pagamento e o MCTIC prometeu que vai liberar o resto de recursos do ano passado", conta.
Em uma carta, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) manifestou publicamente esta semana sua preocupação com a possibilidade de um importante patrimônio nacional, resultado de grande esforço da comunidade acadêmica brasileira, ser gravemente impactado.
"Os serviços disponibilizados pela RNP para mais de 1.300 pontos de instituições federais de ensino superior e pesquisa em todo o país, representam uma economia significativa de recursos públicos em função da escala da operação da RNP e das tecnologias inovadoras utilizadas. Dessa rede dependem atividades essenciais para o avanço da ciência e tecnologia nacionais, tais como o acesso e a operação compartilhada de grandes bancos de dados científicos, laboratórios e experimentos", diz trecho da carta assinada pelo presidente da instituição, Lisandro Zambenedetti Granvil.
Custo da conectividade
Do custo anual da RNP, cerca de 51% é gasto com conectividade. A organização fornece internet de alta velocidade via fibra óptica de 1 gigabyte por segundo (Gbps), 10 vezes a velocidade máxima do 4G, e há casos em que a velocidade é superior e chega a 40 Gbps, como acontece no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
E os custos para manter a rede funcionando no interior do país são ainda mais altos. Segundo Nelson Simões há 40 universidades que recebem conectividade via satélite, como é o caso da Estadual do Amazonas.
"Temos a expectativa de que o orçamento para o ano que vem seja recomposto. Além dos R$ 136 milhões desse ano, precisamos de R$ 250 milhões no ano que vem. Estamos operando com orçamento pela metade e passamos pelo fim de um ciclo de expansão da rede. Há cerca de 200 instituições a serem conectadas e temos de manter as 40 que conectam via satélite. Desde 2015 a RNP parou de crescer e nosso esforço hoje é para manter a qualidade", conta Nelson.
G1
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