Devido aos longos cinco anos
seguidos de chuva abaixo da média no Estado, a maioria dos reservatórios
cearenses está com capacidade abaixo dos 30%, conforme dados do boletim diário
da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). No Cariri não é diferente.
Apesar de ser notoriamente conhecida pela quantidade de fontes naturais, a
região também não escapou desta que é a pior seca prolongada desde 1910.
A
região é abastecida pela Bacia do Salgado, que contém 15 açudes. Destes, apenas
dois estão com volume acima dos 30% da capacidade máxima. Nove reservatórios
estão abaixo dos 10% e dois já secaram: o Jenipapeiro II, na cidade de Baixio;
e o Quixabinha, no município de Mauriti.
Apenas
o Tatajuba, em Icó (53.43%); e o Olho d'Água, em Várzea Alegre (33.06%), estão
acima dos 30%. Segundo o gerente regional da Cogerh, Alberto Medeiros, a
situação tem se agravado nas últimas semanas, em consequência da ausência total
de chuvas.
Para
evitar um colapso, explica, foram perfurados três poços dentro do Açude
Jenipapeiro II, em Baixio, e mais quatro em cada uma das cidades mais críticas:
Baixio, Ipaumirim e Umari, totalizando 15. Já no triângulo Crajubar, composto
pelos municípios Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, o abastecimento ocorre
majoritariamente por meio das fontes naturais. Porém, segundo Medeiros, há
redução de 30% em sua vazão.
"As
pessoas ainda têm a ideia de que a região tem água sobrando e isso não existe.
Realmente há água para atender à população, pois são subterrâneas, mas, se as
pessoas não usarem de forma correta, pode vir a faltar caso a estiagem
continue", concluiu. A constatação do gerente da Cogerh é corroborada pela
professora Celme Torres.
Segundo
explica, apesar de a região possuir uma grande reserva de água subterrânea, os
baixos índices de chuva têm comprometido a recarga, que depende exclusivamente
da infiltração da água de chuva. "As fontes continuam jorrando, no
entanto, vários estudos comprovam a diminuição das suas vazões, que, em alguns
poços também estão reduzidas", conclui.
Como
forma de esperança e alívio, as chuvas devem chegar, ao Sul do Estado, um pouco
antes do restante do Ceará, de acordo com as informações de Raul Fritz,
pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme),
"Sistemas de chuvas que se formam na Bahia, típicos desta época do ano,
tendem a influenciar o sistema meteorológico no Sul do Estado, causando
pancadas de chuvas isoladas", explica. A partir de janeiro, ainda conforme
ele, a tendência é que as chuvas se generalizem por todo o Ceará, devido à
atuação dos vórtices ciclônicos em altos níveis (VCAN).
Nenhum comentário:
Postar um comentário