A agência espacial americana - Nasa - lançou nesta quinta-feira (8) sua primeira
missão para coletar poeira de um asteroide, o tipo de corpo cósmico que pode ter
entregue à Terra, bilhões de anos atrás, os materiais necessários para o surgimento
da vida. A nave espacial não tripulada, conhecida como OSIRIS-Rex, partiu ,
da plataforma de lançamento de Cabo Canãveral, na Flórida, às 19h05 local (20h05
em Brasília) levada por um foguete Atlas V, da sociedade americana United Launch
Alliance, sob um céu claro e limpo. A missão de US$ 800 milhões viajará pelo
espaço durante dois anos em direção a Bennu, um asteroide de 492 metros de diâmetro
e 77,6 milhões de toneladas de massa, que se aproxima da Terra a cada seis anos, a
uma distância aproximada à que nos separa da Lua. Bennu foi escolhido entre
os cerca de 500.000 asteroides do sistema solar porque ele orbita perto da rota da
Terra em torno do Sol, é do tamanho adequado para um estudo científico e é um dos
asteroides mais antigos conhecidos pela Nasa. "Nos asteroides primitivos e
ricos em carbono como Bennu, os materiais são preservados há mais de 4,5 bilhões
de anos", explicou Christina Richey, cientista do programa OSIRIS-Rex. Estes
"podem ser os precursores da vida na Terra, ou em outro lugar do nosso sistema solar",
afirmou. A missão coletará poeira e detritos da superfície do asteroide e levará
o material para a Terra em 2023 para que seja analisado. Uma vez perto do
asteroide, os instrumentos a bordo da nave permitirão cartografá-lo em 3D, identificar
os minerais e substâncias químicas da sua superfície e selecionar um lugar para coletar
as amostras. "O objetivo principal da Osiris-REx é trazer ao menos 60 gramas,
e até dois quilos, de materiais ricos em carbono, que serão coletados na superfície do
asteroide Bennu", explica Dante Lauretta, professor de ciência planetária na
Universidade do Arizona e responsável científico desta missão de 800 milhões de
dólares, inédita para a Nasa.Recursos preciosos
Será a maior quantidade de material extraterrestre trazida pela agência espacial desde
o programa Apollo (1969-1972), quando os astronautas americanos trouxeram 362 quilos
de rocha lunar. "Esperamos que estas amostras contenham moléculas
orgânicas que datem das origens do sistema solar (...) que poderiam dar informações
e pistas essenciais sobre a origem da vida", acrescentou. A missão também
pretende jogar luz sobre como encontrar recursos preciosos, como água e metais, nos
asteroides, um campo que tem gerado um interesse crescente em todo o mundo.
"Vamos mapear este mundo totalmente novo que nunca vimos antes", disse
Dante Lauretta, pesquisador principal da OSIRIS-Rex e professor da Universidade do
Arizona, em Tucson. Usando um conjunto de câmeras, lasers e espectrômetros,
"vamos entender a distribuição de materiais ao longo de toda a superfície do asteroide",
acrescentou. A nave deverá chegar a Bennu em agosto de 2018 e passar dois
anos estudando o asteroide, antes de começar a coletar amostras, em julho 2020.
Outro objetivo da missão é medir como a luz solar pode empurrar asteroides
enquanto eles orbitam - um fenômeno conhecido como Efeito de Yarkovsky - para que
os cientistas possam prever melhor os riscos a longo prazo de que asteroides como
Bennu colidam com a Terra. Este programa dará, ainda, as bases de futuras
explorações de asteroides e de outros pequenos corpos celestes no sistema solar.
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